Wednesday, October 31, 2007
Tuesday, October 30, 2007
Definições
(...) o único fenómeno estranho ao instinto de sobrevivênica que manda em qualquer pessoa, animal ou anjo que exista, é o amor. Mas o amor é tão popular entre os vivos que se tornou num sentimento da multidão: há que receá-lo como se receia a palavra de ordem de qualquer ajuntamento exaltado.
Gonçalo Tavares:
Água, cão, cavalo, cabeça
Gonçalo Tavares:
Água, cão, cavalo, cabeça
Há dia, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.
Pedro Paixão
Monday, October 29, 2007
Sunday, October 28, 2007
*
Quis agarrar a ti o mar
Quis agarrar a ti o sol
Quis que o mar fosse maior
Quis que o mar tocasse o sol
Quis que a luz entrasse em nós
Inundasse o lado frio
Quis agarrar a tua mão
E descer o nosso rio
Quero agarrar a ti o céu
Quero agarrar a ti o chão
Quero que a chuva molhe o campo
E que o campo seja teu
Para que eu cresça outra vez
Quero agarrar em ti raiz
Quero agarrar a ti o corpo
E eu quero ser feliz...
Porque o mar tocou no sol
Inundou o lado frio
Porque o sol ficou em nós
E desceu o nosso rio
Por isso dá-me a tua mão
Não largues sem querer
Quero agarrar a ti o mar
Eu quero é viver.
Quero ver-te amanhecer.
O Jardim
Tiago Bettencourt
(adaptado)
Quis agarrar a ti o sol
Quis que o mar fosse maior
Quis que o mar tocasse o sol
Quis que a luz entrasse em nós
Inundasse o lado frio
Quis agarrar a tua mão
E descer o nosso rio
Quero agarrar a ti o céu
Quero agarrar a ti o chão
Quero que a chuva molhe o campo
E que o campo seja teu
Para que eu cresça outra vez
Quero agarrar em ti raiz
Quero agarrar a ti o corpo
E eu quero ser feliz...
Porque o mar tocou no sol
Inundou o lado frio
Porque o sol ficou em nós
E desceu o nosso rio
Por isso dá-me a tua mão
Não largues sem querer
Quero agarrar a ti o mar
Eu quero é viver.
Quero ver-te amanhecer.
O Jardim
Tiago Bettencourt
(adaptado)
*
Eu teria escrito qualquer coisa como:
...mas eu não vou vê-la, à janela, sem ti.
Hoje digo apenas que nem gosto do verão
.. ou
que me apetece o conforto dum temporal lá fora.
E pronto. (em qualquer dos casos)
In Letras de Babel
...mas eu não vou vê-la, à janela, sem ti.
Hoje digo apenas que nem gosto do verão
.. ou
que me apetece o conforto dum temporal lá fora.
E pronto. (em qualquer dos casos)
In Letras de Babel
Bem da vida
Dundan! Dundan! Dudan! Dandan!
Dandan! Dandan! Dan!
Dundan! Dundan! Dudan! Dandan!
Dandan! Dandan! Dan!
Viva a felicidade
Abolindo quase
Toda a maldade
Como se o amor trouxesse
O gozo da infância...
Bem que volta a inocência
Bem de ter carinho e delicadeza
Viva o que nos torna
O bem maior da natureza...
Vanessa Da Mata
Dandan! Dandan! Dan!
Dundan! Dundan! Dudan! Dandan!
Dandan! Dandan! Dan!
Viva a felicidade
Abolindo quase
Toda a maldade
Como se o amor trouxesse
O gozo da infância...
Bem que volta a inocência
Bem de ter carinho e delicadeza
Viva o que nos torna
O bem maior da natureza...
Vanessa Da Mata
Friday, October 26, 2007
Thursday, October 25, 2007
Just scream
Nunca e' uma palavra demasiado definitiva. Tao definitiva que compromete.
Nao me faças fingir compromissos.
Nao me faças fingir compromissos.
*
Faço do meu corpo a ponte para o teu rochedo
Tudo em ti é inversamente verdadeiro
Não pertences ao sítio onde te ergui
Nem são grandes os teus braços nem clara a tua fronte
Mas, quer te saiba assim, quer não
As tuas mãos deslizam-me nas coxas
Palpo-te as tuas por dentro molhadas
Somos escassos para tanta sede
Algo nos procura desde sempre
E a seu clímax, ainda que não o entendas, é permanecer assim.
In Letras de Babel
Tudo em ti é inversamente verdadeiro
Não pertences ao sítio onde te ergui
Nem são grandes os teus braços nem clara a tua fronte
Mas, quer te saiba assim, quer não
As tuas mãos deslizam-me nas coxas
Palpo-te as tuas por dentro molhadas
Somos escassos para tanta sede
Algo nos procura desde sempre
E a seu clímax, ainda que não o entendas, é permanecer assim.
In Letras de Babel
Conversas
- Vem viver comigo...
- Num mundo perfeito já aí estaria há muito tempo.
- É uma pena que isso não exista.
- Sim, mas existe uma relação quase perfeita.
- Tentemos preservar isso.
- Claro, sem dúvida. Até porque é(s) o melhor que tenho.
- Tu és o melhor que tens. Nunca te percas.
- Num mundo perfeito já aí estaria há muito tempo.
- É uma pena que isso não exista.
- Sim, mas existe uma relação quase perfeita.
- Tentemos preservar isso.
- Claro, sem dúvida. Até porque é(s) o melhor que tenho.
- Tu és o melhor que tens. Nunca te percas.
Wednesday, October 24, 2007
Paul Smith
A relaçao deste britanico com a moda surgiu muito cedo. Aos 16 anos, sem quaisquer planos de carreira ou habilitaçoes, o pai mandou-o trabalhar num armazem de roupas da sua cidade local, Nottingham. A moda, obviamente, nao lhe chamava muito a atençao ao contrario dos desportos ate que aos 17 teve um acidente de bicicleta que o deixou 6 meses no hospital.
Numa conversa com novos amigos feitos no hospital sobre Mondrian, Warhol, Kokoshka e David Bailey Paul percebeu que tinha de entrar neste mundo completamente novo para si. Passados dois anos, Paul Smith ja geria uma loja em Nottingham e, com o apoio da sua mulher, abriu uma pequena loja em 1970. Em 1976 Paul mostrou a sua primeira colecçao de roupa para homem em Paris.
Quase 30 anos depois da sua entrada no mundo da moda, Paul Smith e' hoje uma das mais respeitadas marcas inglesas. Hoje conta com 12 coleçoes diferentes: Paul Smith, Paul Smith Women, PS by Paul Smith, Paul Smith Jeans, Paul Smith London, R.Newbold (Japan only), Paul Smith Accessories, Paul Smith Shoes, Paul Smith Fragrance, Paul Smith Watches, Paul Smith Pens e Paul Smith furniture and 'things'. As colecçoes sao todas desenhadas em Nottingham e Londres e produzidas entre Inglaterra e Itália.
As suas colecçoes sao sempre muito coloridas e alegres e conseguem denotar-se.
Uma boa proposta.
Numa conversa com novos amigos feitos no hospital sobre Mondrian, Warhol, Kokoshka e David Bailey Paul percebeu que tinha de entrar neste mundo completamente novo para si. Passados dois anos, Paul Smith ja geria uma loja em Nottingham e, com o apoio da sua mulher, abriu uma pequena loja em 1970. Em 1976 Paul mostrou a sua primeira colecçao de roupa para homem em Paris.
Quase 30 anos depois da sua entrada no mundo da moda, Paul Smith e' hoje uma das mais respeitadas marcas inglesas. Hoje conta com 12 coleçoes diferentes: Paul Smith, Paul Smith Women, PS by Paul Smith, Paul Smith Jeans, Paul Smith London, R.Newbold (Japan only), Paul Smith Accessories, Paul Smith Shoes, Paul Smith Fragrance, Paul Smith Watches, Paul Smith Pens e Paul Smith furniture and 'things'. As colecçoes sao todas desenhadas em Nottingham e Londres e produzidas entre Inglaterra e Itália.
As suas colecçoes sao sempre muito coloridas e alegres e conseguem denotar-se.
Uma boa proposta.
Outono
Desce o tempo e a noite vem lembrar que as tuas mãos também
já nao são de nós para ficar.
Por ser tanto quanto somos
Certo quando vemos
Calmo quando queremos
Hoje, só por ser Outono, vou...
já nao são de nós para ficar.
Por ser tanto quanto somos
Certo quando vemos
Calmo quando queremos
Hoje, só por ser Outono, vou...
*
Sinto a falta do teu corpo na minha cama e ainda agora te levantaste.
A outra almofada já está a mais. Cheira a nozes do Brasil.
Vou guardá-la no armário, não vá o teu cheiro fugir...
A outra almofada já está a mais. Cheira a nozes do Brasil.
Vou guardá-la no armário, não vá o teu cheiro fugir...
Cair
Vai ser preciso tropeçar, cair e dar cabo de um joelho para sentir a dor a latejar, quando a informação desta chega ao cérebro. Retenha-se: às vezes cai-se, outras magoamo-nos. E vai doer. Vamos mesmo ter de nos aguentar. Está-se no mundo precisamente para isso: para (re)conhecer o impacto de uma queda, (re)conhecer a intensidade das consequências, aprender a suportar o que incomoda e a olhar para cima; utilizando o chão, impulsionar e reerguermo-nos. Medalha e diploma para quem aprendeu nas primeiras aulas. Quem ficou retido, cairá as vezes necessárias até perceber como ficar de pé e andar em linha recta, sempre muito atento aos obstáculos que nascem, como cogumelos, do chão. Ora isto pode até parecer infantilmente fácil, mas não é. E só se vai perceber esta indelével verdade depois de cair, magoar e levantarmo-nos umas boas vezes, e longe, muito longe da infância. Talvez quando se perceber a paz num minuto de silêncio tranquilo que cabe dentro de um abraço sincero.
In Gostar à bruta
In Gostar à bruta
Tuesday, October 23, 2007
Thursday, October 18, 2007
É assim preciso a coragem que torne o nosso afastamento tão belo como o nosso encontro.
Só o silêncio nos poderá agora ajudar. O silêncio preservar-nos-á dentro de nós, no sítio onde nos encontrámos e onde continuaremos juntos, muito quietos, a olhar-nos fixamente nos olhos.
Nós não, mas as nossas almas saberão de nós.
Pedro Paixão
Só o silêncio nos poderá agora ajudar. O silêncio preservar-nos-á dentro de nós, no sítio onde nos encontrámos e onde continuaremos juntos, muito quietos, a olhar-nos fixamente nos olhos.
Nós não, mas as nossas almas saberão de nós.
Pedro Paixão
Wednesday, October 17, 2007
Despertar
O amor é como um amanhecer húmido depois de uma noite chuvosa de Verão. Os odores são variados e intensos, mas misturam-se e confundem-nos.
In A Toca do Lobo
In A Toca do Lobo
Quero tanto de ti e tão próximo que anseio que fosses o ar, o chão, as paredes, tudo.
Que tudo o que tocasse fossem os teus braços.
Que tudo o que sentisse fossem os teus lábios.
Como quando fecho os olhos e tudo o que não vejo és tu.
Como quando não durmo e tudo o que sonho és tu.
Quero estar tão dentro de ti que nem a luz do dia exista para mim.
Quero abraçar-te tanto que todo o mundo colapse e desapareça num pequeno ponto entre os meus braços.
Toca-me com as tuas mãos. Sufoca-me na tua língua.
Arrasta-me pelo ar com o teu perfume.
Mata-me de vez.
Que tudo o que tocasse fossem os teus braços.
Que tudo o que sentisse fossem os teus lábios.
Como quando fecho os olhos e tudo o que não vejo és tu.
Como quando não durmo e tudo o que sonho és tu.
Quero estar tão dentro de ti que nem a luz do dia exista para mim.
Quero abraçar-te tanto que todo o mundo colapse e desapareça num pequeno ponto entre os meus braços.
Toca-me com as tuas mãos. Sufoca-me na tua língua.
Arrasta-me pelo ar com o teu perfume.
Mata-me de vez.
Tuesday, October 16, 2007
*
Eu sempre estendi as mãos
para as borboletas...
Abria os braços
para o passado saudoso...
para o futuro sonhado...
mas nunca tocaram em mim.
Hoje, fiquei imóvel
e uma pousou no meu pé.
para as borboletas...
Abria os braços
para o passado saudoso...
para o futuro sonhado...
mas nunca tocaram em mim.
Hoje, fiquei imóvel
e uma pousou no meu pé.
Pedro Mourão
O jovem Pedro Mourão apresentou a primeira colecção totalmente no masculino desta edição da ModaLisboaEstoril.
Lúdica, mas sóbria, clássica mas com um toque de irreverência, ou não fosse o tema desta colecção "Chocolate". Esta colecção propõe para o Verão 2008 um Homem clássico e descontraído.
O nosso destaque vai para a grande presença das echarpes masculinas ao longo de toda a colecção. A fusão entre o clássico e o exótico dos padrões e materiais deste elemento clássico do guarda-roupa masculino, completou cada coordenado dando-lhe o toque da assinatura do criador.
Lúdica, mas sóbria, clássica mas com um toque de irreverência, ou não fosse o tema desta colecção "Chocolate". Esta colecção propõe para o Verão 2008 um Homem clássico e descontraído.
O nosso destaque vai para a grande presença das echarpes masculinas ao longo de toda a colecção. A fusão entre o clássico e o exótico dos padrões e materiais deste elemento clássico do guarda-roupa masculino, completou cada coordenado dando-lhe o toque da assinatura do criador.
O homem velho vestido de preto chora, na mão dois quilos de peras. Pego nelas, para o aliviar, mas não pego no resto porque não é possível: de que lado se segura na tristeza? A cinco centímetros de um homem que sofre tu podes nada sofrer, e o mundo e os homens são isto, o resto é estratégia e contratos de sobrevivência. O velho vestido de preto bebe um copo de água. A água a entrar num homem vestido de preto, a água a entrar numa roupa preta: como diluir o preto da roupa com um copo apenas? Muitos litros de água terá de beber o homem que sofre.
Gonçalo M. Tavares,
"A Perna Esquerda de Paris seguido de"
Gonçalo M. Tavares,
"A Perna Esquerda de Paris seguido de"
Monday, October 15, 2007
Bairro Alto
Desde os anos 80 que é a zona mais conhecida da noite lisboeta, com inúmeros bares e restaurantes a par das casas de fado, local onde se situavam também quase todos os órgãos de imprensa de distribuição nacional. Nos últimos 20 anos adquiriu uma vida muito própria e característica, onde se cruzam diferentes gerações na procura de divertimento nocturno.
Desde os anos 80 que é a zona mais conhecida da noite lisboeta, com inúmeros bares e restaurantes a par das casas de fado, local onde se situavam também quase todos os órgãos de imprensa de distribuição nacional. Nos últimos 20 anos adquiriu uma vida muito própria e característica, onde se cruzam diferentes gerações na procura de divertimento nocturno.
Erros
Quem comete um erro é excluído; é fechado dentro de uma caixa. Quem está fora vê apenas a caixa. Mas quem está fechado, excluído, consegue ver cá para fora. Vê tudo, vê-nos a todos.
Em cada compartimento há dezenas de caixas. Milhares de caixas por todo o lado. A maior parte delas vazia. Outras têm lá dentro pessoas excluídas. Ninguém sabe quais as caixas que têm pessoas.
As caixas são tantas que ninguém lhes dá importância. Pode estar lá uma pessoa, até a que amas, mas nem olhas. Já não produzem efeito. Passas por elas centenas de vezes.
Gonçalo M. Tavares, in 'Jerusálem'
*Obrigado por teres espreitado a minha caixa
Em cada compartimento há dezenas de caixas. Milhares de caixas por todo o lado. A maior parte delas vazia. Outras têm lá dentro pessoas excluídas. Ninguém sabe quais as caixas que têm pessoas.
As caixas são tantas que ninguém lhes dá importância. Pode estar lá uma pessoa, até a que amas, mas nem olhas. Já não produzem efeito. Passas por elas centenas de vezes.
Gonçalo M. Tavares, in 'Jerusálem'
*Obrigado por teres espreitado a minha caixa
Wednesday, October 10, 2007
Amor
...só é possível ir mais longe se arriscarmos quebrar paredes e derrubar muros que permitam criar o espaço que nos falta. Ou fazer como fazem os entendidos, que podam as videiras e cortam os ramos para que os frutos cresçam mais e a seiva circule melhor.
Tuesday, October 9, 2007
Não sei o que escrevo, tremo porque tenho medo, mas tu não te apercebes...
Estamos zangados, mas vens a caminho... O que acontecerá?
Menti-te...
Eu acredito em ti
Eu acredito que me amas
Eu acredito que só juntos é que estamos bem.
Eu amo-te. E tu sabes que é verdade.
Eu quero ficar contigo.
E tu sabes que é verdade.
Até já meu amor....
Estamos zangados, mas vens a caminho... O que acontecerá?
Menti-te...
Eu acredito em ti
Eu acredito que me amas
Eu acredito que só juntos é que estamos bem.
Eu amo-te. E tu sabes que é verdade.
Eu quero ficar contigo.
E tu sabes que é verdade.
Até já meu amor....
Monday, October 8, 2007
Saudade
Não é um vício, não, é uma vingança. Acontece quando acordo a meio da noite e estico os braços à procura e não sei que estou só. A cama é grande e só do meu lado está desfeita. Acordo à procura do corpo que faz falta e só tenho o meu que está a mais. Fecho os olhos, como se já não estivessem fechados, e o que está dentro de mim é uma ânsia. Então chegam imagens de um corpo antes de saber que é o dela. Um corpo não, pedaços de um corpo, pequenas alucinações. Duas mãos começam a agarrar-me as ancas e uma boca a bafejar-me a cara. É ela que fala. Ouço dizer-me as coisas que me diz e calo-me. Ouço-a chamar os nomes que me chamam e eu vou. Começo a desfazer-me para que me faça. O corpo que eu toco não é de ninguém. Quando não basta, repete, quando não basta repito. E depois há uma coisa que vem de muito longe e não quer acabar de vir. Vem a mim e eu não consigo ir a ela. Estou comigo. Não é um corpo, não. É um fugir. Um barulho. Qualquer coisa assim que vem, que agarra e passa. Um bicho. Não é um corpo não, porque os não há. Às vezes ouço-me gritar, ou julgar que grito e depois fico quieta como se corresse perigo. Começo a pensar nela e acabo a pensar em mim, os cabelos desfeitos, uma ânsia sem fim.
Pedro Paixão
Vida de adulto, 92
(adaptado)
Pedro Paixão
Vida de adulto, 92
(adaptado)
foi a teu lado que me deitei pela
primeira vez num prado, lembras-te?
foi a teu lado que olhei por várias
vezes o céu enorme e estrelado e me
senti acompanhado.
foi a teu lado que chorei e ri, e quando
me perdi me mandaste tomar um duche
de água fria (por causa da Natureza...)
foi a teu lado que parti vidros e gritei e
depois adormeci sem saber como, encantado.
foi a teu lado, ao teu lado, em teu lado
que cresci e aprendi também a ser assim,
-pirilampo- aquele que pelo escuro se vai iluminando.
In Helena e Pedro
primeira vez num prado, lembras-te?
foi a teu lado que olhei por várias
vezes o céu enorme e estrelado e me
senti acompanhado.
foi a teu lado que chorei e ri, e quando
me perdi me mandaste tomar um duche
de água fria (por causa da Natureza...)
foi a teu lado que parti vidros e gritei e
depois adormeci sem saber como, encantado.
foi a teu lado, ao teu lado, em teu lado
que cresci e aprendi também a ser assim,
-pirilampo- aquele que pelo escuro se vai iluminando.
In Helena e Pedro
Não lhe telefonei
Nem ela a mim. Eu não me queria distrair, transferir o meu amor, afugentar a dor com a vaidade.
Telefonei-lhe passadas duas semanas. Disse-me: "Esperei por ti estes dias todos. Tive muito medo que não telefonasses. Preciso muito de te ver." E eu disse: "Às onze, se quiseres, podes ir buscar-me onde me encontraste."
Pedro Paixao
Telefonei-lhe passadas duas semanas. Disse-me: "Esperei por ti estes dias todos. Tive muito medo que não telefonasses. Preciso muito de te ver." E eu disse: "Às onze, se quiseres, podes ir buscar-me onde me encontraste."
Pedro Paixao
Friday, October 5, 2007
Thursday, October 4, 2007
Portrait
Se eu fosse um ponto, um sinal, seria, definitivamente, as reticências. Tal como as reticências nas frases, também eu estou sempre a marcar uma interrupção na vida, sem coragem para lhe completar o sentido.
In Ana de Amsterdam
In Ana de Amsterdam
*
Há dia, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.
Pedro Paixao
Pedro Paixao
Monday, October 1, 2007
*
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
Não pensar, não prever, não analisar, agir. Agir. Num ápice saltei para a primeira fila e sentei-me na cadeira ao lado da tua. [...] Eu disse: Agarra a minha mão. Por favor agarra a minha mão. Por favor agarra a minha mão com a tua. Antes de te olhar, antes de descobrir a tua cara, os teus olhos, a tua perplexidade, antes de te olhar pela primeira vez, antes de te olhar, antes de mais nada, agarra a minha mão. Recebe a minha mão. Dá-me a tua mão. E tu não hesitaste e não perguntaste e não analisaste e não fizeste contas à vida. Sorriste só. A minha mão esquerda e a tua mão direita. Duas mãos segurando-se uma à outra.
Pedro Paixao
Pedro Paixao
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