Monday, September 10, 2007

Déjà vu

Não é em vão que percorres as ruas. É nelas que procuras o teu alimento. Procuras conhecer-te nos olhos dos outros, nos seus gestos. Entras num café. O fumo é espesso. A música alta. Vais para junto do balcão e pedes uma bebida. Sabe-te a pouco e pedes outra. Apetece-te um cigarro, mas os teus já acabaram. Olhas em volta. Alguém chega e oferece-te um. Como terá adivinhado? Ficas em silêncio. Aceitas. Para compensar pagas uma bebida. Agrada-te o que vês. Pensas: talvez hoje o medo não me visite. E é então que lhe tocas na mão. Reparas que está fria. Olhas nos olhos. Há um convite que se insinua. Entretanto começa a dar uma música que tu conheces e arriscas a cantá-la junto ao seu ouvido. Não se afasta. Permanece. O seu corpo estremece. Tu continuas a cantar. Outras palavras começam a surgir misturadas com a letra da música. Surge um sorriso. Pedes mais uma bebida. Bebes dela até ao fim: talvez hoje o medo não me visite. Mas sabes bem que não é assim.

In meianoitetododia

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